sábado, 28 de fevereiro de 2015

Profissão designer em Portugal ( parte 2 - Emprego )

Apesar de se encontrar em crescimento, o mercado de trabalho dos designers portugueses é ainda pequeno e bastante competitivo, o que se deve a dois factores principais. Por um lado, trata-se de uma profissão relativamente recente no nosso país - o ensino do design só começou a ter expressão nos finais dos anos 60, início dos 70 -, não existindo uma procura generalizada no mercado de trabalho nacional. Por outro lado, o desenvolvimento registado nesta actividade nos últimos anos levou à proliferação de cursos (superiores e não-superiores) e ao rápido aparecimento de uma mão-de-obra que se revelou excessiva perante as oportunidades de emprego existentes.

As potencialidades do mercado de trabalho diferem, no entanto, de especialidade para especialidade, levando a que as oportunidades de emprego não sejam as mesmas para todos os profissionais. Os designers da área da comunicação, por exemplo, são aqueles que mais ofertas de trabalho têm tido, em virtude do crescimento que a comunicação social e a publicidade têm registado nos últimos anos. A sua actividade é normalmente desenvolvida em agências de design e de publicidade, departamentos de publicidade e imagem das empresas, editoras livreiras e empresas gráficas produtoras de jornais, revistas, folhetos e cartazes. Embora a procura destes profissionais tenha sido, até agora, razoável, esta é uma área extremamente competitiva e na qual é mais visível o excesso de oferta. Apesar de ainda oferecer possibilidades de expansão, o sector da publicidade é ainda muito sensível aos períodos de recessão económica, com custos para a procura destes profissionais.

design industrial, por seu lado, ainda se encontra numa fase de afirmação, pois só recentemente as empresas industriais começaram a recorrer com mais frequência à colaboração dos designers. A principal razão desta procura prende-se com as necessidades de sobrevivência e de competitividade que as nossas empresas têm perante o panorama do mercado único europeu e que as leva a investir na modernização dos seus produtos. Nesta área, as ofertas de trabalho têm sido proporcionadas, sobretudo, pelos sectores do calçado, dos têxteis, do mobiliário, da cerâmica e do vidro.

Os designers de moda e de interiores são aqueles que mais dificuldades sentem no mercado de trabalho, sobretudo os que pretendem trabalhar por conta de outrem. As oportunidades de emprego assalariado dos designers de moda, por exemplo, limitam-se quase totalmente às empresas de confecção de vestuário. Alguns trabalham, ainda, como figurinistas na produção de espectáculos, onde são responsáveis pela confecção do vestuário e dos acessórios dos artistas.

O estabelecimento por conta própria, através da criação de uma micro-empresa ou atelier, parece ser a forma que oferece aos designers maiores possibilidades de sucesso no mercado de trabalho. Isto deve-se ao facto das empresas preferirem, cada vez mais, subcontratar este tipo de serviços (através de concursos, por exemplo), uma vez que as suas necessidades são, em alguns dos casos, pontuais e não justificam o recrutamento de designers para os quadros. Além disso, os particulares representam uma procura significativa deste tipo de serviços, designadamente em especialidades como o design de interiores ou de moda. A criação de um atelier é, todavia, muito difícil, principalmente nos primeiros anos, pois é necessário obter recursos financeiros e procurar clientes, até se conseguir ganhar algum prestígio no mercado. Dadas as dificuldades, alguns designers optam por se associar na criação de uma micro-empresa.

A maior procura de serviços de design localiza-se nos grandes centros urbanos, designadamente nas cidades de Lisboa e Porto e respectivas periferias, embora se registe uma presença significativa destes profissionais em algumas cidades do centro do País. No entanto, esta procura é mais dispersa na área do design industrial, pois estende-se às regiões do país que possuem um número considerável de empresas do sector industrial. Muitas das vezes, essa procura é especializada em virtude do tipo de indústria que se localiza na região. É natural, por exemplo, que na Marinha Grande haja uma procura de profissionais especializados em vidros e cristais, nas Caldas da Rainha em cerâmica e na região de Braga em têxteis.


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