segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Introdução ao Desenho Digital - O retorno das maçãs

Já publiquei aqui alguns desenhos feitos digitalmente, mas decidi fazer esta breve introdução a este estilo mais recente para mim. O potencial dessa vertente é tão grande, que já há algumas décadas é uma área muito explorada em várias áreas do design. 

Um dos grandes obstáculos que tive na pintura digital é a precisão, pois parece que tive que aprender a escrever de novo, e a pintura através dos brushes, que ainda não controlo muito bem.

Como não tinha muita experiência com a wacom, resolvi começar do básico e do simples - por isso o retorno das maçãs. Já fazia uns 4 anos que não desenhava maçãs.

1- Escolha do referencial. Organização dos layers em: esboço inicial, luz e sombras, cores, acabamento. 


2 - Definir luz e sombras. 



3- Definir paleta de cores. Suavizar o esboço.


4 - Preencher áreas com cores pré-definidas.


5- Tratamento da pintura. Aqui eu fui tentar pintar com o Smudge Tool, mas achei que não ficou muito bom, por isso tentei de outra forma.



6- A forma que escolhi para suavizar a pintura foi através das transparências dos brushes e da pressão da caneta sobre a wacom.


7- Por último, acrescentar alguns detalhes de sombra e brilho. E já está:


Resultado final :



Ainda ficou um bocado torto, por causa daquilo da precisão da caneta, mas isso só da para melhorar com treino. Para um retorno a pintura digital até está um resultado interessante, e espero trazer em breve novas experiências aqui no blog.





terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Novos problemas Novos instrumentos

Aqui vai uma proposta de reflexão para todos os estudantes e professores de arte. Este é um trecho adaptado do livro Design e Comunicação Visual de Bruno Munari

Quando se fala de investigação sobre a comunicação visual, os professores de arte riem-se maliciosamente. Eles, de facto, sabem tudo sobre a arte, sabem como deve ser e como não deve ser, sempre souberam tudo, com a máxima segurança, são assim desde que nasceram, não há nada a fazer. Nas suas lições, continuam a ensinar a arte do passado, um passado mais ou menos remoto, procurando ficar bem agarrados a uma tradição cómoda, não ter problemas, perder o menor tempo possível.
O que fazem e o que pensam os estudantes das escolas de arte? São obrigados a aprender o fresco, mas mal se veem fora delas (ou melhor, enquanto estudam) apercebem-se de que a realidade fora da escola tem um outro aspeto, que existe algo de vivo que se move no mundo da arte internacional, algo que na escola não é considerado, e então deitam fora o fresco e dedicam-se a investigações sobre os novos meios de comunicação visual, aprendem, em resumo, como autodidatas, a viver no nosso tempo, já que a nossa escola é demasiado velha.

Existem dois modos de preparar um programa de ensino; falamos, neste caso, das escolas de arte. Existe um modo estático e um modo dinâmico. Existe um modo no qual o individuo é forçado a adaptar-se a um esquema fixo, quase sempre ultrapassado ou, no melhor dos casos, em vias de ser ultrapassado pela realidade prática de cada dia. E um outro modo, que se forma pouco a pouco, continuamente modificado pelos próprios indivíduos e pelos seus problemas sempre mais atuais.

No caso do ensino estático, com programas fechados e inamovíveis, cria-se muitas vezes um sentimento de mal-estar e, algumas vezes, mesmo de rebelião por parte dos estudantes; noutros casos, o estudante, compreendida a inutilidade de todo e qualquer protesto para adaptar o ensino aos seus verdadeiros interesses, segue sem entusiasmo os cursos ou abandona mesmo a escola. No caso do ensino dinâmico, os professores estudam um programa de base, o mais avançado possível e assim modificável segundo os interesses que surgem do próprio ensino. Só no fim do curso se saberá que forma teve e como se desenvolveu.

Para que serve a escola, senão para preparar indivíduos capazes de enfrentar o mundo do futuro próximo segundo as técnicas mais avançadas? Porque é que não se ensinam estas técnicas (uma vez que a arte não se pode ensinar) em lugar das do passado? O passado nunca mais volta, não existem renovações senão para com elas nos divertirmos. Assim uma educação baseada só no passado não é de nenhuma utilidade para um operador visual que deva operar no próximo futuro. O passado terá uma função de informação cultural, mas deve estar ligado ao seu tempo, caso contrário deixará de se compreender.

Isto é o que pensam e dizem os jovens, já que olham para o estudo como o melhor modo para aprender os meios do seu eventual futuro trabalho. Não pensam frequentar uma escola de arte para melhor poderem praticar o seu hobby de pintura ou de escultura. Aquelas que antes eram os únicos meios de comunicação visual surgem hoje, em muitos casos, como inadequados, estáticos, lentos. Depois da invenção do compasso, já ninguém faz circunferências à mão, a não ser por aposta ou para demonstrar capacidade. E não creio que hoje, com todos os meios que estão à nossa disposição, seja necessário aprender a desenhar o que se pode fotografar. 

Sweatshirt da ESMAD/ESHT ( parte 2 )

Agora que ja sei trabalhar mais ou menos com o illustrator, resolvi otimizar a última proposta que tinha feito para a nova sweatshirt da faculdade. Espero que dessa vez eles aceitem =)





segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

The Walkers



The Walkers

É com muito prazer que apresento o meu mais novo e tão esperado projeto de animação : The Walkers. 

De facto, estava muito ansioso para conseguir partilhar convosco este projeto, que é a minha primeira animação interativa, o que é o meu primeiro passo como um designer de animação ou como um desenvolvedor de jogos ou de plataformas interativas. Enfim, o que não faltam são motivos para eu estar orgulhoso deste projeto, porque esta era uma ideia que eu tive há um ano atrás, quando comecei a estudar fotografia, e que só consegui ,finalmente, executá-la agora. 

"The Walkers" é uma narrativa interativa onde acompanhamos um sonâmbulo que viaja pela noite sem um destino em concreto, se calhar a procura de algo ou de alguém. Quando nos damos conta, percebemos que esta se trata de apenas mais uma noite para o nosso personagem, que a cada dia tem cada vez mais sono e menos tempo para dormir. O tempo é um elemento de reflexão evidente nesta história - cada vez temos menos tempo para trabalhar, para cuidar do nosso lazer, da nossa saúde, da nossa família, temos cada vez menos tempo até para dormir. Podemos interpretar então o personagem como este sentimento de angústia e que ao ver que não consegue nem dormir em casa sossegado, começa a procurar um novo refúgio desesperado pela cidade. Esta viagem espíritual se transforma num labirinto, onde somos nós que temos que nos guiar pelos caminhos percorridos pelo nosso personagem, que ainda encontra outros que também se encontram no mesmo transtorno. 

Este projeto, assim como alguns que eu já produzi como o "Prelúdio Eterno" (http://oddarts.blogspot.pt/2016/11/preludio-eterno.html) foi inspirado pelo poeta que já faz parte das minhas referências bibliográficas e que está presente em muitos dos meus trabalhos, Álvaro de Campos - com o seu poema "Insónia". Desta vez decidi homenageá-lo por todo este legado cultural e intelectual que ele e o seu criador deixaram. É uma forma de agradecimento por ter me ajudado a chegar até aqui e me tornado o tal artista que me tornei. 

Sobre a produção do projeto: 

Este trabalho foi o meu projeto final de Animação Interativa, e consiste em uma narrativa dividida por várias cenas que podem ser navegadas através de botões distribuídos pelo espaço gráfico. Alguns botões estão escondidos, outros não são aquilo que parecem, por isso alerto desde já para prestarem atenção nas imagens e simplesmente "seguirem o personagem". 

Como havia dito, tive esta ideia quando comecei a estudar fotografia, mais precisamente, quando descobrir o enorme potencial do lighting painting. Daí veio esta ideia de representar esta metáfora da insónia através destes corpos de luz.

Quanto a proposta do projeto enquadrado com a animação - me pareceu interessante fugir um pouco dos cartoons e dos personagens desenhados, e explorar este lado da fotografia em movimento. Como é normal, eu sempre dou um jeito de me meter dentro das minhas histórias, e neste caso, posso dizer que eu era mesmo o tal personagem, pois passar noites acordado virou uma rotina desde que entrei na faculdade.

Apesar das condicionantes a nível técnico e dos obstáculos durante a produção, uma situação engraçada é que eu só podia fazer estas a fotos à noite, mais especificadamente, em ambientes muito escuros. Por isso pude mesmo entrar dentro do projeto e me desbravar pelos cantos mais sombrios da cidade para conseguir fazer estas fotos - e foi uma emocionante aventura. 

Finalmente, acho que o resultado foi positivo, com vários aspectos que ainda podem ser melhorados, mas que não deixa de ser um bom começo. Todo este texto foi para aqueles que se interessaram (ou não entenderam nada) ao assistir o projeto, mas acima de tudo, foi para encontrar aqueles que queiram começar a dar seus primeiros passos nesta área. O software usado foi o Adobe Animate , Photoshop e Audition, com códigos, movieclips, actions e todas estas dores de cabeça que ainda vão ser faladas muitas vezes aqui no blog. 

O projeto também pode ser visto nas páginas do blog - http://oddarts.blogspot.pt/p/the-walkers.html