quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

A indisciplina do desenho ( parte 3 )

Tradicionalmente , a prática do desenho esteve associada ao uso de determinados materiais e técnicas , que se impuseram nos séculos XV e XVI , como o lápis , a caneta , o carvão , a grafite , o giz , o pastel , a tinta , o guache , ou a aguarela , aplicados sobre o papel . Até ao princípio do século XX , as inovações do ponto de vista técnico passaram essencialmente pela procura de novos efeitos expressivos através da combinação de diferentes materiais e procedimentos , e ainda pela exploração de novas possibilidades e soluções com técnicas caídas em desuso ( como sucedeu com a recuperação da ponta de metal , da aguarela e do pastel no século passado ) . 

Para além da sua existência como disciplina , ou como elemento que extravasa a disciplina , o desenho é hoje considerado , num sentido mais profundo , como equivalente ao pensamento do artista no acto de criação . É isso que afirma o escultor RIchard Serra numa entrevista : " O meu envolvimento inicial na arte deu-se através do desenho , e o desenho continua a estar no centro do meu trabalho . Comecei a desenhar quando era muito novo . O desenho é sempre indicativo do modo como os artistas pensam . Não consigo referir imediatamente nenhuma obra digna desse nome , na qual o desenho não seja um elemento-chave . Quando falo em desenhar , não me refiro ao desenho como uma disciplina diferente da pintura ou da escultura . Há o desenho do desenho e há desenho na pintura , assim como há desenho na escultura " . 

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