quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Articulação narrativa na Banda Desenhada / Mangá ( parte 2 )

O fenómeno da duração na BD parte de uma diferença fundamental relativamente à duração cinematográfica , pois na BD o tempo que a narração leva a desenvolver-se é muito variável já que o leitor pode impor , como na novela , um ritmo e uma direcção de leitura ao ter a possibilidade de deter-se e voltar atrás para reler .

A segunda diferença fundamental é uma convenção própria das narrações gráficas que afecta directamente a duração . Esta convenção consiste na possibilidade de atribuir ao componente icónico uma dimensão temporal de instantaneidade ( cada vinheta , recolhendo toda uma tradição representativa , apresenta , no geral , um instante privilegiado , o mais significativo ) , enquanto que à componente verbal se atribui uma dimensão temporal que necessariamente vai para lá desse instante privilegiado . 

Podemos dizer que cada segmento de uma narração gráfica pode estar submetido a uma dupla duração : a da imagem e a da linguagem verbal escrita . Em qualquer caso , estas discordâncias na duração podem ser atenuadas pelos efeitos da montagem e pelos artifícios gráficos , como as linhas cinéticas que representam o movimento e , por isso , uma certa duração . 

O modo de duração mais frequente na BD é , como na maioria dos meios narrativos , a elipse . A operação de montagem na BD está sujeita a uma dupla composição : por um lado ,a organização interna de cada vinheta e , por outro , àquilo a que se chamou " posta em página " , quer dizer ao estabelecimento de uma ordem e de uma relação entre as diferentes vinhetas . A montagem é , em definitivo , a operação que define a estrutura narrativa e o progresso da acção . 


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