domingo, 24 de agosto de 2014

Arte digital ( parte 2 )

A definição de gráfico por computador inclui qualquer tipo de representação algorítmica ( gerada pela execução de um programa ) de estruturas formadas por informação digital que adoptam a forma de imagens . Isto inclui todos os processos informáticos , desde o registo e modelagem das cenas ao processamento e gravação da informação , assim como a representação visual e preparação dos dados gráficos . 

O universo dos desenhos:  Junto do universo do traço feito à mão ( universo H ) , espraia-se o universo das composições e desenhos criados com a ajuda de uma máquina ( universo M ) que , tal como o anterior , é ilimitado e fascinante . O certo é que a arte encontra um amplo espaço para ambos . Nós estamos a ser testemunhas da implantação e desenvolvimento do universo M . 

A criação de um esboço , os processos mentais e experimentais que a ele conduzem , os diferentes estádios da concepção , onde também desempenham um importante papel as rectificações e correcções , em cada um dos actos prévios à realização final de um desenho , concentra-se a emoção e a fascinante intensidade do processo criativo . Estou a falar de uma actividade deliberada , com um intuito claro , não de um mero exercício que consiste num esboço espontâneo de linhas e sombreados soltos . 

Eu concebo , crio , programo , examino processos e algorítmos para a realização de desenhos . A execução delego-a à plotter , que desenha docilmente e a grande velocidade segundo as indicações dos meus programas . 

Considero especialmente interessantes os processos de criação generativos , algorítmicos : em primeiro lugar , concebe-se um sistema de regras e , em seguida , desenvolvem-se de forma consequente . O que inicialmente se tem em mente como um mero conceito racionaliza-se passo a passo , dissocia-se argumentativamente e , com a ajuda de uma linguagem de programação traduz-se em programas que , no computador , se transformam  num código para desenhar . A plotter trabalha a partir deste código e , como resultado , plasma os desenhos previamente concebidos . O procedimento de trabalho tradicional , sequencial , intuitivo , marcado por um feedback directo com a obra que é objecto do processo criativo , é substituído através de um procedimento automático ou de um algoritmo . 

Os desenhos criados generativamente têm entidade própria e é irrelevante se o seu processo de elaboração foi fácil ou difícil . A sua avaliação segue regras muito próprias.

A " resistência do material " é um fenómeno bem conhecido nas artes . Na arte algorítmica , na arte generativa e noutras áreas criativas baseadas no uso do computador , o repto reside na elaboração dos programas e em conjuntar de forma adequada hardware e software . 

A formulação generativa de uma ideia , a sua programação e plasmação final sob a forma de desenhos é fascinante e pode criar dependência . 

O desenho é , em si mesmo , uma coisa muito elementar , e desde os tempos mais remotos constitui um meio de expressão artística : um determinado repertório face a possibilidades potencialmente infinitas . 

O desenho criado algoritmicamente / generativamente é elementar e , ao mesmo tempo , especial : o traço gerado mecanicamente é único , e os princípios algorítmicos / generativos que se encontram por detrás dele também o são . O facto de delegar numa máquina a execução de uma obra constitui um acto de libertação que dá asas à fantasia . 





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