O homem não chegará a ser o que pode ser e o que deve ser enquanto a sua vida não se tornar espelho fiel da natureza , obediência inconsciente à necessidade unicamente real , à necessidade interna da natureza , em vez de ser a subordinação a um poder externo , fantasiado , copiado à imagem da própria fantasia , portanto não necessário , mas sim arbitrário .
Mas quando aí chegar , então o homem será realmente homem , ao passo que até hoje só existe em função de um predicado tomado de empréstimo à religião , à nacionalidade ou ao Estado .
Ora , do mesmo modo , a arte também não chegará a ser o que pode ser e o que deve ser enquanto não for ou não puder ser a imagem proclamadora da consciência , a imagem fiel do homem real e da verdadeira vida dos homens , da vida humana na respectiva necessidade natural , ou seja , enquanto precisar de ir buscar as condições da sua existência aos erros , aos absurdos e às mutilações anti-naturais da nossa vida moderna .
Daí que não possa haver homem real enquanto não for a verdadeira natureza humana , em vez de arbitrárias leis estatais , a configurar e ordenar a vida do homem ; a arte real , porém não nascerá para a vida enquanto as suas realizações não puderem submeter-se apenas às leis da natureza , em vez de terem que se submeter ao despótico capricho da moda .
Ora o homem só ultrapassa a sua dependência face à natureza na jubilosa consciência da sua conexão com ela ; e a arte só ultrapassa a sua dependência face à vida na conexão com a vida de homens verdadeiros e livres .
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