A temporalidade possui ordem porque combina elementos temporais diversos e de importância desigual na composição . O tempo da imagem constitui , assim , uma estrutura e adquire , desta maneira , um valor estrutural , quer dizer , a capacidade de se combinar ( mediante uma nova operação de ordem ) com outras estruturas , entre as quais se voltam a repetir as mesmas relações de diversidade ( são três as estruturas da imagem ) e de hierarquia ( não são equivalentes ) para produzir um significado plástico que sintetize toda a composição .
O tempo real , pelo contrário , necessita de ordem . Não se pode aplicar esse importante conceito a uma mera sucessão que é o termo que melhor define o esquema temporal da realidade : um esquema contínuo - irremediavelmente articulado em função da dialéctica passado-presente-futuro-e linear , sem nenhuma diferença entre os elementos temporais que o compõem .
O tempo da imagem , ao contrário do real , é um tempo descontínuo - aquele em que cabem as elipses e as transgressões do esquema temporal da realidade - e desigual quanto aos seus elementos temporais , os quais são diversos e estão hierarquizados , como se disse já . Tudo isto confere à temporalidade uma significação que a realidade temporal não possui .
Para formalizar o conceito de temporalidade temos , necessariamente , de evocar para a sua comparação , o tempo da realidade . A grande diferença entre o tempo real e o da imagem é que este possui ordem e , por isso , significação e aquele não .
Que um momento temporal possa ser alterado , comprimindo-o ou alargando-o , por exemplo , terá necessariamente que ter um significado . De momento este é o único conceito que nos interessa destacar : a uma certa ordem temporal ( entendida como uma maneira característica de dispor certas unidades numa série ) lhe corresponde uma determinada significação e que esta significação será diferente para cada ordem temporal.
A noção de ordem pode ser representada pela sequência : diversidade - hierarquia - ordem - estrutura - significação plástica .
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