Os designers combinam a criatividade e o conhecimento técnico para conceber e recriar espaços e produtos visuais e materiais, atendendo à sua finalidade e procurando que sejam visualmente agradáveis. A sua função é gerir com uma finalidade específica os elementos visuais presentes no seu objecto de trabalho, nomeadamente a sua forma, tamanho, espaço, cor, peso, materiais, textura ou simbolismo (o que representa ou pode representar), consoante as suas características. Os campos de intervenção dos designerssão muito diversos, pelo que a maioria tende a especializar-se numa determinada área de trabalho, existindo alguns, contudo, que trabalham em mais de uma área. Os quatro grande campos de actividade destes profissionais são o design de comunicação, o design industrial, o design de moda e o design de espaços.
O design de comunicação é levado a cabo, sobretudo, pelos designers gráficos. Estes criam imagens para livros, revistas, jornais, capas de discos, documentos e publicações empresariais, logotipos e anúncios publicitários, entre muitos outros produtos. O designer gráfico trabalha principalmente a um nível bidimensional (superfícies planas) e o seu objectivo é transmitir graficamente uma informação ou uma mensagem a um determinado público, fazendo uso de cores, linhas, palavras, ilustrações, etc.
Os designers industriais dedicam-se ao projecto de equipamentos e objectos de produção em massa, tais como carros, utensílios domésticos, brinquedos, equipamentos eléctricos e electrónicos, loiças, tecidos, mobiliário e objectos de decoração. A área industrial inclui também o mobiliário urbano (marcos de correio, cabinas telefónicas, paragens de autocarro, etc.) e equipamentos diversos a utilizar em escritórios, espaços recreativos e desportivos, entre outros. Nesta área, o principal objectivo é combinar o talento artístico com as características técnicas do produto, de forma a criar um design atractivo, mas ao mesmo tempo funcional, capaz de tornar o produto competitivo no mercado.
Os designers de moda podem também ser designers industriais, mas especialistas na criação de peças de vestuário e acessórios. Criam desenhos e/ou modelos e escolhem materiais, com base nas suas cores e propriedades, atendendo quer aos custos, quer às técnicas de confecção a utilizar. Trabalham, sobretudo, com base em encomendas, devendo cumprir as indicações dadas pelos clientes ou pela entidade empregadora. Os estilistas integram-se também no design de moda, mas os seus modelos são concebidos dentro de um estilo próprio e têm em vista o lançamento de uma colecção. Estes profissionais dedicam-se usualmente à concepção de um determinado género de roupa (pronto-a-vestir, alta costura) e podem especializar-se em diferentes tipos de vestuário (lingerie, malhas, fatos de banho, etc.).
O design de espaços refere-se principalmente à concepção de interiores e à cenografia. Os designers de interiores organizam os espaços interiores de casas privadas, edifícios públicos, escritórios, lojas (vitrinismo), hotéis e restaurantes, entre outros. Desenham, seleccionam e combinam mobiliário, artigos de decoração e tecidos, e propõem determinadas iluminações, acabamentos e obras de interiores, com base nos gostos, necessidades e capacidades financeiras do cliente. Os cenógrafos organizam o espaço cénico de espectáculos teatrais, de cinema ou de televisão, de acordo com as indicações do director artístico, a peça ou o guião e as pesquisas que efectuam para determinar o estilo arquitectónico apropriado.
Qualquer que seja a sua especialidade, os designers partilham práticas de trabalho comuns. Em primeiro lugar, é necessário definir quais os propósitos do objecto sobre o qual se vai realizar o trabalho de design, isto é, qual a sua finalidade. Por norma, quando o trabalho é encomendado, o designer reúne com o cliente (pessoa ou empresa), para que este lhe transmita as suas ideias e lhe especifique os requisitos do trabalho. Estuda, então, essas especificações, leva a cabo as pesquisas necessárias e submete as suas ideias à apreciação do cliente, socorrendo-se de esboços, protótipos, desenhos à escala, modelos e outras amostras. Após a discussão com o cliente, inicia-se a produção do designfinal. Nesta fase, é habitual o designer orientar e supervisionar os trabalhos de execução do seu projecto, assegurando o cumprimento dos requisitos e introduzindo as alterações necessárias. Em suma, os designers geram novos conceitos, ideias e relações entre elementos, com base na sua criatividade. Esta é, todavia, limitada por uma série de factores, tais como a utilidade ou a finalidade dos produtos, a sua viabilidade tecnológica, as tendências existentes, os prazos impostos, os requisitos do cliente, a aceitabilidade do mercado, as exigências técnicas, o orçamento financeiro estipulado e os critérios de manutenção, segurança e fiabilidade.
Sendo a capacidade de inovar (e o desejo de o fazer) uma qualidade fundamental nesta área, os designers devem ser pessoas imaginativas e curiosas, atentas ao que se passa ao seu redor e no mundo. Como os gostos das pessoas e as tendências da moda e dos estilos estão em constante mudança, devem ser abertos a novas ideias e influências. A capacidade de comunicar as suas ideias, visual e verbalmente, e a de compreender os outros são também importantes. Tecnicamente, é muito útil que tenham habilidade para o desenho (e respectiva prática), uma forte sensibilidade às cores e às formas, um sentido de proporção e equilíbrio entre elementos e a capacidade de visualizar o resultado final do seu projecto antes de o iniciar. Ou seja, que tenham a capacidade de imaginar um esboço e conseguir perceber, logo à partida, como vai resultar. Uma boa cultura geral e uma vontade constante de aprender e pesquisar são recomendáveis nesta área. Quem enveredar por esta profissão deve, ainda, ser resistente às frustrações, dado que os trabalhos realizados nem sempre são aceites e, em alguns casos, não se pode ser tão criativo como se deseja.
O conhecimento dos processos técnicos é um outro requisito exigido a estes profissionais, pois devem saber acompanhar as suas ideias até à execução final. Um designer que trabalha na indústria gráfica, por exemplo, deve perceber de composição e impressão gráficas, da mesma forma que um designer empregado na indústria do calçado deve perceber de moldes e de confecção. Por outro lado, a maioria dos trabalhos exigem alguma pesquisa prévia. Um designer publicitário, por exemplo, necessita de perceber fenómenos psicológicos e sociais, designadamente no que se refere ao consumo de massas. Do mesmo modo, a criação de um logotipo para um centro cultural implica um conhecimento prévio do mundo do espectáculo, da vida artística, do próprio centro e das iniciativas que vai levar a cabo, entre outros aspectos.
O design constitui uma das áreas mais beneficiadas pela inovação tecnológica, pelo que estes profissionais devem estar atentos às novas tecnologias, em particular as do mundo informático. Hoje em dia, cada vez menos se projecta manualmente, pois existe software de apoio para esse efeito. Um deles é o computer-aided design (CAD), o qual é muito útil em algumas especialidades do design (nomeadamente na área industrial), pois permite a simulação tridimensional do objecto ou espaço, ou seja, a sua visualização numa infinidade de perspectivas. Além de conseguir dar uma ideia de como será o aspecto final do produto a criar, este software permite reduzir o custo e o tempo necessários para a criação de um modelo ou protótipo. Os designers de interiores, por exemplo, podem também usar o computador para criar diferentes versões de um determinado espaço. As imagens podem ser inseridas, editadas e substituídas, permitindo ao cliente visualizar diferentes propostas. Os computadores são também largamente utilizados pelosdesigners da área da comunicação, nomeadamente na composição gráfica de revistas e jornais.
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quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015
Profissão designer em Portugal ( parte 1 - Natureza do trabalho )
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