Um
dos aspectos mais importantes para o estudo da interculturalidade é a
identificação dos processos comunicativos que , ao lado da cultura ,
estabelecem as bases para o diálogo cultural . A comunicação está presente
tanto no processo de aquisição quanto de desenvolvimento de cultura e permite
que esta não seja algo estático, mais sim um processo de constante reafirmação
e também de redefinição. Ao mesmo tempo em que a comunicação permite a
existência da cultura, a cultura condiciona a forma de comunicarmos. A
Comunicação Intercultural é um reflexo repleto de significados das mudanças
estruturais e organizacionais que afetaram o nosso mundo contemporâneo, em
decorrência do processo de globalização.
A comunicação é uma função social, devido a sua atividade que
visa à transmissão de estímulo e à provocação de respostas. É também um processo,
no qual o consumidor transmite estímulos para alterar o comportamento dos seus recetores.
Dessa forma, a comunicação é essencialmente uma ponte de significados que cria
a compreensão mútua e a confiança, levando à aceitação ou não da mensagem transmitida,
por parte de quem a recebe.
Resultante
de uma área multidisciplinar, a comunicação, enquanto processo, transfere
simbolicamente ideias entre os interlocutores, além da sua capacidade de
influenciar e ser influenciada. É através da comunicação que realiza-se a
aprendizagem do mundo.
Cultura é um conceito de várias aceções, sendo a mais corrente,
especialmente na antropologia, a definição formulada por Edward B. Taylor
segundo a qual cultura é:
“ Todo aquele complexo que inclui o conhecimento, as crenças,
a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e capacidades
adquiridos pelo homem como membro da sociedade. “
Quando se fala em diversidade cultural, vale considerar a
compreensão da cultura humana como um fenômeno complexo, contínuo, inerente à
natureza humana, do qual cada indivíduo, grupo, organização ou sociedade
participa ativamente influenciando e sendo influenciado, criando e sendo recriado.
“ A cultura é intrínseca a nós como indivíduos, além de estar
em constante evolução à medida que nos reunimos e criamos novos grupos que, por
fim, criam novas culturas “
(Edgar Schein ,psicólogo , 1928 )
A interculturalidade tem lugar quando duas ou mais culturas
entram em interação de uma forma horizontal e sinérgica. Para tal, nenhum dos
grupos se deve encontrar acima de qualquer outro que seja, favorecendo assim a
integração e a convivência das pessoas.
Este tipo de relações interculturais implica ter respeito
pela diversidade, embora o aparecimento de conflitos seja inevitável e imprevisível,
podem ser resolvidos através do respeito, do diálogo e da assertividade.
A noção de identidade é essencial para o estudo da interculturalidade.
No cenário da globalização da cultura, um mesmo indivíduo pode assumir
identificações múltiplas que mobilizam diferentes elementos de língua, de cultura,
de religião, em função do contexto.
O mundo é, e sempre foi, intercultural. Toda cultura é a
história de encontros interculturais. Hoje, tratamos a cultura como um processo
em mutação, complexo e criativo, que pode ser abordada de múltiplas maneiras.
Justificamos essa nova abordagem pela exposição dos indivíduos aos processos de
globalização que os coloca em embates diante das diferenças culturais, de
estilo de vida e de pensamento. Os indivíduos e os diferentes grupos diante do
cenário a que são expostos produzem respostas distintas ao próprio facto da
diferença que, por causa da globalização, parece cada vez mais óbvia. Portanto,
hoje as sociedades vão aprender a lidar com as diferenças, mais do que em
qualquer outro momento histórico.
Por que a comunicação entre pessoas de culturas diferentes é
tão desafiante? Um argumento válido é que a comunicação, antes de tudo, deve
ser um processo de relacionamento e, em seguida, ser compreendida como
interação e vínculo entre os sujeitos. Em qualquer situação de interação intercultural,
dois ou mais grupos levam consigo repertórios de conhecimento disponíveis e é
no contacto entre eles que se produz o espaço no qual negociam as
interpretações do mundo. Portanto a chave da comunicação intercultural é a
interação e o respeito pela diferença.
A relação entre os sujeitos que atuam e interatuam acontece
no espaço da vida cotidiana. O resultado esperado dessa interação, intermediada
pela comunicação, deve produzir um consenso, no qual a negociação supere o conflito.
À medida que a comunicação intercultural tenha sentido para os sujeitos,
podemos afirmar que está criado o espaço para o diálogo cultural. O êxito do
diálogo intercultural não depende tanto do conhecimento dos outros, mas sim da
capacidade de ouvir, da flexibilidade cognitiva, da empatia, da humildade e da hospitalidade.
Observamos que essas questões estão no centro das reflexões
sobre a globalização e cultura. A abordagem das temáticas mencionadas mostra
que sempre nos encontramos em uma arena de conflitos, de debates e de
diferentes pontos de vista e que assim deve ser, pois o pensamento pasteurizado
não reflete a sociedade contemporânea. O fenômeno da globalização está aí a nos
desafiar para a descoberta de novos modelos e paradigmas em todo o contexto da
atividade humana.
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