" Guarda-roupa de nuvens " de António Torrado
Há nuvens para tudo
para todos os gostos .
Ou barcos parados
no céu ondulado
das tardes de Agosto
ou lenços rasgados
pelos nervos do vento
dum Maio indisposto .
*-
Há nuvens para tu-do
em nuvens havendo .
Ou damas rosadas
pisando azinhagas
dos fins de Setembro
ou velhos barbaças
deitando fumaças
por todo o Dezembro .
Há nuvens para tudo rolando nos olhos .
Comboio correndo ,
camisas de folhos .
leões indolentes ,
corujas , serpentes ,
cascatas , torrentes ,
rochedos e escolhos .
Há nuvens para tudo
e , às vezes , sem querer ,
um céu branco e mudo ,
cortina em veludo ,
que não deixa ver
as nuvens desnudas
que ensaiam e mudam
o ser e o parecer
para o baile de entrudo
do nosso prazer .
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